Já perceberam como as pessoas se
incomodam quando falamos que somos negros e assumimos a nossa identidade? O
nome disso é estranhamento, as pessoas estranham que algumas pessoas são
empoderadas e assumem aquilo que muitos procuraram esconder durante anos.
Por conta da nossa história, o processo
de embranquecimento e todas as situações que ocorreram no Brasil, os negros
tendem a anular a sua negritude como forma de defesa. Acham que se esconder e
autodeclarar pardo, moreno, cor de jambo ou índio vai fazer com que o racismo
acabe ou acham que fingir-se de cego, surdo e mudo irá ajudar no seu não
sofrimento. Alguns até dizem que não existe racismo ou que nunca sofreu,
esquecendo que o racismo está na estrutura da sociedade. Esquecendo que o
racismo no Brasil é velado, é aquele que está bem escondido, mas ao mesmo tempo
aberto a todos. É aquele que matou os jovens negros do Cabula de forma injusta
e aquele que influencia as mulheres a alisar o cabelo ou prendê-lo nas empresas
por conta do trabalho.
Lembrando que como falando em alguns
posts, “O
colorismo ou a pigmentocracia é a discriminação pela cor da pele e é muito
comum em países que sofreram a colonização européia e em países pós-escravocratas.
De uma maneira simplificada, o termo quer dizer que, quanto mais pigmentada uma
pessoa, mais exclusão e discriminação essa pessoa irá sofrer.” (Aline Djoki,
2015)
Por conta do
embranquecimento(a política de fazer com que o negro se torne o mais branco
possível para ser aceito) e a utopia de miscigenação há divisões baseadas na
cor de pele, traços faciais e tipos de cabelo que fazem com que instabilidades
identitárias sejam criadas. Como por exemplo, Camila Pitanga é uma atriz negra
que para algumas pessoas é considerada branca, justamento por ter uma pele mais
clara e um cabelo mais liso.
Voltando ao assunto Nayara Justino,
ela sofreu na web justamente por conta da sua pele mais retinta que o público
brasileiro não estava acostumado. Normalmente, as globelezas possuem um perfil
de negras de pele clara e cachos soltos. Por conta da insatisfação pública, a
globo mandou uma carta para Nayara e a trocou por outra globeleza nos “padrão
globo”. A rede globo poderia ter aberto uma discussão sobre as agressões, mas
preferiram jogar para de baixo do tapete e seguir em frente, como sempre foi
feito com o racismo sofrido na televisão.
Enfim, o colorismo é um braço do
racismo do qual decide o nível de tolerância racial em cada ambiente, sendo que
quanto mais retinta for a pessoa, mais barreiras ela terá de se incluir em
alguns ambientes. É uma das faces do nosso racismo social e estrutural que
terminam criando uma política do embranquecimento que forçam o negro a sempre
está ficando mais branco, principalmente as mulheres.
Vale lembrar, que esse post é uma parceria com Maiavox
Leia a continuação do texto no blog https://maiavox.wordpress.com/
Até mais,
Ícaro Santana



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