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Onde estão os negros no audiovisual brasileiro?

    Depois de todos os manifestos relacionados a falta de diversidade no Oscar, decidi escrever sobre a falta de negros na televisão brasileira e como isso interfere na nossa representatividade. Entretanto, vale lembrar que a falta de negros no audiovisual brasileiro não se resume apenas a quem está sendo exposto na frente das câmeras, há pesquisas que demonstram a falta de diretores e roteiristas negros. Além disso, quando pautamos as relações de gêneros, a falta de representatividade é ainda maior.

     Baseado nessa pesquisa do GEMAA é evidente a falta de negros no audiovisual brasileiro, lembrando que quando colocamos em pauta as relações de gênero, a situação torna-se muito pior. Nas telas, vemos quase nada de negros e negras. E qual será o porquê dessa diferença se temos tantos artistas negros excelentes na nossa teledramaturgia, será que seria a falta de papéis para negros na televisão? A falta de papéis para negros é o retrato da sociedade da qual vivemos que coloca o negro sempre em segundo plano, figurantes da sua própria história. E infelizmente, quando o negro consegue um personagem, são papéis de pequena aparência, papéis secundários. Quando estudamos a quantidade de diretores e roteiristas, a quantidade de negros são ainda menores. 
       É muito importante a presença de negros no audiovisual brasileiro para que a política do empoderamento e representatividade tenha manutenção. As crianças e adolescentes precisam se enxergar na televisão. Quantos atores, roteiristas e diretores negros desistem da carreira, justamente por falta de oportunidades? 
       Além do recorte racial, é evidente as relações de gênero no audiovisual brasileiro, também. Somente 5% do elenco principal é constituído por mulheres negras e nenhuma mulher como roteirista e direção, por isso é tão importante o empoderamento do feminismo negro. Além disso, é evidente a hiperssexualização da mulher negra na televisão.  Como não tenho autonomia de fala, deixo aqui um vídeo do canal Afros e Afins sobre feminismo negro e representatividade. 


     Só para ilustrar, deixo aqui uma lista de protagonistas negras que tiveram no audiovisual brasileiro:

"Flordelis: Basta uma palavra para mudar" (2009) - Flordelis
 "Antônia" (2007) – Negra Li e Leilah Moreno
 "Filhas do vento" (2005) - Talma de Freitas e Léa Garcia (interpretam o mesmo personagem em fases distintas da vida), Thaís Araújo e Ruth de Souza (interpretam o mesmo personagem em fases distintas da vida).
 "Ó paí ó" (2007) – Luciana Souza
"Quanto vale ou é por quilo" (2005) - Ana Carbatti
 "Bendito fruto" (2005) – Zezeh Barbosa
 "As alegres comadres" (2003) - Elisa Lucinda
 "Mulheres do Brasil" (2006) – Roberta Rodrigues
"As alegres comadres" (2003) - Elisa Lucinda
 "Filhas do vento" (2005) - Talma de Freitas e Léa Garcia (interpretam o mesmo personagem em fases distintas da vida), Thaís Araújo e Ruth de Souza (interpretam o mesmo personagem em fases distintas da vida).
 "Quanto vale ou é por quilo" (2005) - Ana Carbatti
 "Bendito fruto" (2005) – Zezeh Barbosa
 "As alegres comadres" (2003) - Elisa Lucinda
"Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios" (2012) – Camila Pitanga
    Vale lembrar, que quando falamos em novelas e séries brasileiras, o número de negros são ainda menores. Por conta disso, o audiovisual independente tem seu poder na propagação do que os negros querem, da nossa realidade e o quanto precisamos de representatividade.


Obrigado pela sua atenção
Att. Ícaro Santana

Comentários

  1. Nossa, adorei o post! Foi a primeira vez que vi abordarem sobre a representatividade negra e não se restringirem à televisão. Certamente a lista de filmes brasileiros com mulheres negras foi um aprendizado para mim. Amei também ver a Nátaly aqui. Amo as pautas dela!
    Parabéns pelo texto e pelo blog inteirinho, Ícaro!
    Um abraço, Mari Gomes.
    ;)
    https://maiavox.wordpress.com/

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