Pular para o conteúdo principal

Tempo, esperança e morte


  Como todos sabem, eu não sou nenhum pouco criterioso e não sei julgar filmes como minha amiga e colunista do blog Julliana Saleh. Entretanto, depois de assistir esse filme muitas coisas passaram pela minha cabeça. Estou falando do filme "O curioso caso de Benjamin Button".
  "Nova Orleans, 1918. Benjamin Button (Brad Pitt) nasceu de forma incomum, com a aparência e doenças de uma pessoa em torno dos oitenta anos mesmo sendo um bebê. Ao invés de envelhecer com o passar do tempo, Button rejuvenesce. Quando ainda criança ele conhece Daisy (Cate Blanchett), da mesma idade que ele, por quem se apaixona. É preciso esperar que Daisy cresça, tornando-se uma mulher, e que Benjamin rejuvenesça para que, quando tiverem idades parecidas, possam enfim se envolver." Esse filme é considerado um dos mais interessantes que eu assisti esse ano por conta da discussão sobre o tempo, sobre os idosos e como as experiências são bem definidas por conta da idade. Além disso, um dos pontos mais evidentes durante o filme, é a esperança.

    A esperança, tentam derruba-la mas nós não deixamos ela cair, é colocada no filme de forma sútil. Logo no começo do filme, o pai de Benjamin, justamente por não acreditar na esperança, deixa Benjamin numa casa de idosos. Nessa casa de idosos, existe Quennie(Taraji P. Henson), uma mulher negra que trabalha cuidando deles e mora no local ao mesmo tempo, Quennie não pode ter filho e vê em Benjamin, um milagre. Por conta disso, ela adota Benjamin o igualando aos idosos daquele local por ele parecer idoso. Uma criança idosa.
   O personagem de Quennie é o mais interessante nesse filme, uma mulher negra pobre que não pode ter filho no século 20, religiosa e acredita que a fé vai salva-la. Esse personagem nos traz uma carga de preconceitos da época e diversas dificuldades, entretanto o empoderamento dela continuou presente durante todo o filme. A esperança também é algo forte para Quennie, ela vai a igreja com Benjamin sempre para que ele seja "salvo" e segundo o pastor, ela também. Na realidade, o sonho de Quennie era ter um filho, por conta disso ela depositava todas as suas esperanças na fé.
    Nas diversas passagens do filme, vemos Benjamin ficar mais novo, enquanto Daisy fica mais velha. Benjamin que foi criado com idosos, fazendo coisas de idosos e sendo idoso, do outro lado Daisy que conheceu o mundo jovem, em meios artísticos e é super liberta. Nesse primeiro momento deles depois de adulto, as vivências ainda não se encaixam e eles não conseguem ficar juntos. Entretanto, tempos depois eles se reencontram num momento de idade média que as aparências estão na mesma cronologia e fazem tudo que podem fazer naquele momento. Até que Daisy engravida e uma garotinha nasce. As esperanças de Benjamin acabam ali, ele sente a dureza do tempo, no caso dele essa dureza é baseada no rejuvenescimento e as de Deisy também acabam, só que para ela a dureza é baseada no envelhecimento. Eles voltam a mesma barreira do inicio do filme, a barreira do tempo.
    O filme se passa todo por lembranças escritas em um diário tendo como parâmetro um relógio que foi feito ao contrário e que no final é afogado dentro do navio que Benjamin trabalhou por muito tempo. Quando bêbê, Benjamin morreu nas mãos de Daisy e Deisy, já idosa, está para morrer nos braços da filha.
    Esperança, tempo, morte. Diversas palavras que resumem esse filme. Será que temos tempo para esperança? Serás a previsão da morte, a culpada do fim dessa esperança? Qual o porquê das pessoas idosas acharem que não são capazes? Será que a partir de certa idade, a esperança de viver vira a esperança de morrer? Todos nós passaremos por isso, todos nós vamos brigar com o tempo. Aliás, já brigamos, todos os dias. Enquanto escrevo, enquanto você lê, mais morto estou, mais morto você está. Vai ficar parado esperando o tempo passar?

Para assistir o filme no youtube:

Valeu por gastar seu tempo lendo esse texto
Até mais

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Resenha de Como eu era antes de você - Jojo Moyes

(Foto retirada do Google) Sinopse: Aos 26 anos, Louisa Clark não tem muitas ambições. Ela mora com os pais, a irmã mãe solteira, o sobrinho pequeno e um avô que precisa de cuidados constantes desde que sofreu um derrame. Sua vidinha ainda inclui o trabalho como garçonete num café de sua pequena cidade - um emprego que não paga muito, mas ajuda com as despesas - e o namoro com Patrick, um triatleta que não parece muito interessado nela. Não que ela se importe. Quando o café fecha as portas, Lou é obrigada a procurar outro emprego. Sem muitas qualificações, consegue trabalho como cuidadora de um tetraplégico. Will Traynor tem 35 anos, é inteligente, rico e mal-humorado. Preso a uma cadeira de rodas depois de ter sido atropelado por uma moto, o antes ativo e esportivo Will agora desconta toda a sua amargura em quem estiver por perto. Sua vida parece sem sentido e dolorosa demais para ser levada adiante. Obstinado, ele planeja com cuidado uma forma de acabar com esse sofrimento. Só ...

A nossa miss Brasil é Preta!

     Essa edição foi a edição com mais candidatas negras na disputa. As candidatas deste ano representaram Bahia (Victoria Esteves), Espírito Santo (Beatriz Leite Nalli), Maranhão (Deise D’Anne), Paraná (Raissa Santana), Rondônia (Mariana Theol) e São Paulo (Sabrina Paiva). Segundo o IBGE, 54% dos brasileiros se consideram pretos ou pardos. Entretanto na nossa história só tinhamos tido um Miss Preta, Deise Nunes, em 1986.      Na edição do concurso no ano passado, apenas uma das 27 candidatas era negra. “Eles queriam que eu alisasse meu cabelo, afinasse meu nariz, mudasse meus traços, então, resolvi desistir”, revelou a modelo ao jornal Correio Braziliense . disse Amanda Balbino, Miss Distrito Federal.      Mas dessa vez foi diferente, depois de tanto tempo, conseguimos ter uma mulher preta como a mulher mais bonita do Brasil, a nossa miss Brasil. Temos certeza que Raissa Santana nos representará muito bem no Miss Universo...

Renato Aragão para a playboy e atos racistas disfarçados de piada.

   Ontem eu cheguei aqui em Barra de Jacuípe para curtir as minhas férias de verão e logo na chegada recebi a notícia de um ocorrido extremamente triste aqui na cidade.     Aqui no sítio onde me encontro reside um senhor que nos ajuda na limpeza do local e auxilia na manutenção da casa. Há dois dias atrás, minha família e a família dele decidiram ir ao circo que estava na cidade (temos muitas crianças na casa e nada melhor que um divertimento em um circo, não é mesmo?). Eu estava na casa de minha irmã e não pude ir com eles , entretanto assim que cheguei, procurei saber sobre os "babados" desse circo. E fiquei muito decepcionado.     Assim que chegaram no circo, foram recepcionados por dois palhaços que ao ver o rapaz que trabalha aqui no sítio fizeram um ato racista, disfarçado de brincadeira, o chamando de king kong por conta da cor de pele do rapaz. Meus pais não estavam presentes no momento e o rapaz sem ação perante aquela brincadeira, preferiu se ...