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Os discursos racistas por trás das generalizações

     Hoje tivemos o primeiro dia de provas do ENEM, diante disso as redes sociais se lotaram de textos de ajudas e textos motivadores sobre o ENEM, técnicas de relaxamento e até estudos de chutes.
     Aproveitando o dia e percebendo que a galera precisava ler algo interessante para que ficassem mais motivados para os dias de prova, publiquei no facebook.


     A partir do momento da publicação, diversas pessoas curtiram e diversos comentários foram feitos afirmando um segregacionismo, diferenciação, ou perguntando se "brancos" não mereciam ter um ótimo resultado. 
     Acontece que educação sempre foi destinado a um público seleto de pessoas brancas que tinham o privilégio de estudar em grandes escolas e cursinhos. Acontece que nas universidades, antes das cotas e da REUNI, quase não se via pessoas pretas. Acontece que os espaços de poder sempre foram seletivos, ocupados por pessoas brancas. 
     A seletividade para as pessoas pretas só aparece em momentos negativos, ou quando não passamos numa entrevista de emprego por "não corresponder o perfil da empresa", ou quando somos seguidos pelos seguranças no Shopping, ou quando somos mortos todos os dias pela PM. Então, porque não resiginificar a "seletividade" e torná-la positiva nos nossos discursos?
    Já generalizar para pretas e pretos, sempre foi uma forma de anularem a nossa identidade e destruírem as nossas lutas. Lembram do BlackLivesMatter (Vidas pretas importam), movimento que recebeu diversas críticas por estar "segregando" as pessoas. Pessoas brancas com intuito de silenciar a campanha de combate ao racismo criaram o AllLivesMatter(Todas as vidas importam). O BlackLivesMatter não afirma que vidas brancas não importam, e sim, que o genocídio da população preta precisa acabar, que as pessoas não aguentam mais ver pessoas pretas sendo mortas pela polícia. Nesse momento, fica evidente como a hegemonia branca utiliza de discursos generalistas para silenciar as nossas lutas e ignorar nossas políticas. Quando não generalizamos e fazemos os devidos recortes nos nossos textos, projetos, movimentos, estamos afirmando uma identidade que foi a vida toda segregada pela hegemonia branca. 
     A hegemonia branca que nos segrega, machuca, violenta e mata, nós, pretas e pretos, só afirmamos as nossas identidades. Então, quando eu desejo um ótimo ENEM para as pessoas que estão, estruturalmente, a margem da sociedade, é uma forma de afirmar politicamente que essas pessoas devem estar nos espaços de poder, assim como aquelas que se sentem contempladas por generalizações.

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