Na noite de quinta-feira depois de subir várias escadas em um local extremamente perigoso, eu entro numa sala de aula repleta de pessoas conhecidas e amigos. Naquele vai e vem, a professora nos mostra um texto que me fez falar em voz alta o que estava pensando.
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Escutei, parei, lembrei de quando escutei essa história aos 10 anos e imaginei o porquê eu não tinha entendido naquela época. Quando menor, ainda não tinha noção do que era pertencer.
E entre vários devaneios e murmúrios, a história de Clarice Lispector é só mais uma de várias histórias de pertencimento. Se para os linguistas, esse texto demonstra o poder da leitura. Para mim, esse texto demonstra a clandestinidade do pertencer. Quantas vezes você achou que algo era seu, que estava em suas mãos e do nada, se foi? Um parente, uma roupa, um animal, um amante. Quantas vezes você achou que pertencia a algo ou alguém e na realidade não passava de uma ilusão?
Pois é, a ilusão do pertencimento é cotidiana.
Fazemos de tudo para pertencermos a sociedade e esquecemos que a sociedade é criada por nós , então ela não nos pertence, ela está contida no poder do coletivo. E se por acaso, o coletivo muda, a sociedade muda com ele. Por conta disso, cada um de nós não pertencemos na sociedade, ela nos pertence.
Em uma relação amorosa, a questão do pertencer vem mais a tona. Mas, no nosso subconsciente sabemos que aquela pessoa não nos pertence e que nós não pertencemos a ninguém, e mesmo assim nos damos o luxo de dizer que alguém é meu ou seu.
Essa questão do pertencer é algo complicado, né?! É como o livro no texto de Clarice Lispector, que ao mesmo tempo que ela tinha por tempo indeterminado, ela sabia que aquele livro não a pertencia.

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